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    abril 24, 2016

    Max e os Felinos - Moacyr Scliar


    Max e os Felinos é um romance de Moacyr Scliar, lançado em 1981. A obra teria servido de suposta inspiração para Life of Pi, de Yann Martel.
    Sinopse: O alemão Max, um garoto sensível, cresceu sob a severidade de seu pai que sempre lhe incutiu medos e inseguranças. Envolve-se, mais tarde com Frida, esposa de um militar Nazista, o que faz que tenha que abandonar o país. Em meio a viagem de barco, é obrigado, graças a um naufrágio, a dividir o pequeno espaço de um barco com um imenso Jaguar, um felino que sempre lhe aterrorizou. 

    Download do livro no final do texto

    O livro tornou-se conhecido após o autor, Moacyr Scliar, comentar em um jornal que o Best Seller A vida de Pi seria parcialmente um plágio de seu livro Max e os Felinos. 
    Moacyr Scliar conquistou, pela qualidade de seu trabalho, um lugar de destaque na moderna literatura brasileira. Ficcionista de amplos recursos, autor consagrado, seus livros têm sido traduzidos para vários idiomas. Fonte


    Vamos primeiro ao livro: Max é um jovem alemão que passa sua infância e adolescência dominado pelo autoritarismo do pai, um peleteiro que tinha uma loja chamada “Ao Tigre de Bengala”, com um tigre empalhado que fora abatido por ele próprio. O único refúgio do garoto era o depósito da loja, em meio às peles de vários animais, incluindo os felinos – suas favoritas.
    Aproximadamente aos 19 anos, Max se envolve com uma mulher chamada Frida, casada com um nazista e sua amizade com um jovem socialista o colocam na mira do regime nazista, sendo obrigado a fugir do país para o Brasil quando seu caso amoroso é descoberto.
    Durante a viagem, o cargueiro em que viajava e que transportava animais de um zoológico/circo naufraga. Por sorte, ele consegue escapar em um escaler e, pensando em improvisar uma cabana para se proteger, ele encontra uma caixa dos destroços do navio, com um cadeado. Ao abrir, um enorme jaguar salta de dentro dessa caixa e vira a nova companhia de Max. Para não ser devorado pelo jaguar, Max é obrigado a pescar para ele.

    Não vou dar detalhes dessa parte, mas não é tão longa quanto a trajetória de Pi – o livro em si não é longo. O fato é que foi a partir dessa parte – intitulada “O jaguar no escaler” – é que surgiu a ideia para as Aventuras de Pi. Como o próprio Moacyr comenta na introdução, os textos são diferentes, mas a ideia principal é a mesma. Falo da questão do plágio mais adiante.
    Voltando a Max, ele é resgatado e desembarca em Porto Alegre. E o jaguar? Bem, ninguém da tripulação o viu e aqui deixo para vocês tirarem suas conclusões sobre o destino do animal.
    Mas enfim, Max está em Porto Alegre e começa uma nova vida. Porém, ele é frequentemente perseguido por seus fantasmas do passado e seu pânico faz com que ele tente a sorte em Caxias do Sul. Lá, ele conseguiu um pedaço de terra, se casou e teve uma filha, mas continuava atormentado, ainda mais com a chegada da Segunda Guerra. Ao final da guerra, vai para a Alemanha saber de seus pais, mas encontra sua antiga casa destroçada e seu pai em um asilo.
    Quando retorna ao Brasil, percebe que alguém está se mudando para sua vizinhança e descobre que é o marido de Frida, sua ex-amante. Dado como desaparecido na Alemanha, ele se refugiou no Brasil, mas Max não o deixaria impune: passa a perseguir o nazista e é praticamente declarada guerra entre eles. O ápice da situação é quando sua filha é atacada, aparentemente por uma onça, mas Max acredita piamente que foi um ataque do nazista e vai atrás dele para um combate final e a conclusão da estória.
    Nesta edição mais recente do livro (porém antes da morte do autor), tive a sorte de encontrar uma introdução do próprio Moacyr Scliar sobre os acontecimentos da época em que ele ficou sabendo da semelhança entre As aventuras de Pi e Max e os felinos. Nele, o autor informa que se não fosse o prêmio dado a Martel, ele provavelmente nunca saberia da existência de The life of Pi. Cá entre nós, acho que não saberíamos de toda essa história se não fosse o lançamento do filme, que culminou na publicação do livro aqui no Brasil (não tenho informações se o livro foi lançado anteriormente e se pela mesma editora ou outra, se alguém souber, por favor, me avise para que eu possa corrigir).

    “Usar a mesma ideia literária não chega a ser pirataria”.

    Mas as semelhanças vão além da cena do jaguar no escaler. A frase usada antes da introdução do livro já nos dá uma pista da metáfora encontrada em As aventuras de Pi, essa foi a primeira evidência. A frase está abaixo, mas para quem não leu ou não assistiu As aventuras de Pi, acho melhor não ler, porque meio que mata a charada da trama – o que não acontece com Max, necessariamente.

    “Meu, eu? O tigre não tem medo de ninguém… O tigre invisível. A minha alma.”
    Francisco Macías Negueme (Ditador deposto da Guiné Equatorial)

    Enquanto que o desenvolvimento das duas histórias é diferente – a primeira, Max e os felinos, é voltada para crítica política, especificamente o nazismo, ou o regime militar brasileiro; e a segunda é voltada para o lado da espiritualidade, as duas obras falam de amadurecimento e superação. Aí me pareceu coincidência demais.
    Nessa introdução do autor a que me referi, ele menciona que seu maior desgosto foi Yann Martel não ter entrado em contado com Moacyr para pelo menos informar que gostou da ideia e a usaria em seu próprio livro. Em vez disso, Martel faz uma declaração infeliz que dizia que não leu a obra, apenas uma crítica negativa (que aparentemente nunca existiu) e que “Uma pena que uma ideia boa tivesse sido estragada por um escritor menor”. Fala sério, quem não se ofenderia com isso? Eu perderia a vontade de ler As aventuras de Pi com essa afirmativa, mas a história tem seus próprios méritos que valem a leitura, como o próprio Moacyr comentou e eu sou obrigada a concordar porque já li, embora fosse às custas de Max e os felinos.
    A partir do escândalo (que foi mais divulgado no exterior do que no Brasil, aparentemente) é que temos a retratação e o simples “[agradeço a] Moacyr Scilar pela centelha de vida”, sem mencionar Max e os felinos. Moacyr, no entanto, não se sentia motivado em processar o autor de Pi, então se conformou com o agradecimento.
    Abaixo, segue um vídeo gravado por Moacyr Scilar sobre a questão do plágio.


    Créditos pelo texto: Lucy
    Formato Epub, Pdf e Mobi: Max e os Felinos - Moacyr Sclair

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