Era uma vez um barco de papel, que se fez ao mar.
Barco de papel, no meio do mar, estão a ver o que lhe
aconteceu… Escangalhou-se à primeira onda.
E regressou à praia. Estatelado na areia, era uma lástima
vê-lo.
Andava por ali um jornalista, colecionador de desastres
e desgraças, que lhe perguntou:
– Senhor barco de papel, como se sente, depois da
aventura?
O barco, todo amarrotado pelo desespero e a humilhação
da derrota, esboçou um sorriso.
Um sorriso de papel:
– O que sinto vê-se. Não lhe posso dizer mais nada.
Mas o jornalista insistiu:
– Atribui, porventura, o seu naufrágio a alguma causa
em especial?
– À minha pouca prática, apenas – respondeu o barco de papel.
– E pode escrever que também à minha falta de vocação.
O jornalista ainda:
– Falta de vocação? Interessante. Nesse caso, se pudesse ter voltado atrás, o que teria feito?
O barco de papel ou o que dele sobrara fugiu da pergunta, aproveitando o escorrega de uma onda, que
descia da praia. Estava muito cansado o barco de papel.
Mas o jornalista, molhando os sapatos, correu atrás dele:
– Não chegou a dizer-me, senhor barco de papel… Por favor, o que teria sido se pudesse voltar atrás?
De longe, quase desfeito, o barco respondeu:
– Avião de papel. É evidente. E hei-de conseguir
FIM
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