Ebooks Romances

  • Latest News

    maio 11, 2016

    O Chamado de Sosu - Meshack Asare


    O chamado de Sosu foi premiado por sua mensagem de aceitação das diferenças. Em 1999, o livro recebeu o primeiro lugar na premiação da UNESCO para livros de literatura infantil que abordam a tolerância. E ficou entre os doze mais representativos livros africanos do século XX.
    O livro demonstra que qualquer um, em qualquer parte do mundo, pode contribuir para o dia-a-dia da comunidade. O autor nos mostra que a exclusão não faz sentido, pois há sempre lugar para todos na sociedade.

    Resumo
    O livro narra a história de Sosu, um menino que mora numa aldeia no oeste da África e que tem uma deficiência na perna. Por causa da limitação física, ele é segregado de seu meio. Os pais não o mandam à escola, e os pescadores não permitem que o pai de Sosu o leve consigo na canoa. Acreditam que a simples presença dele na aldeia traz azar à pescaria, já que o espírito da lagoa não fica­ria feliz em vê-lo. São os irmãos de Sosu, Fafa e Bubu, que o ensinam a ler e escrever, contando-lhe tudo o que aprenderam na escola.
    Numa das poucas ocasiões em que Sosu se aventura a sair de casa, uma menina, assustada, grita desesperadamente quando o vê, associando-o a um espírito rastejante. Isso o entristece bastante.
    Só resta a Sosu brincar com o cachorro Fusa e conversar com os irmãos.
    Certo dia, porém, quando a maioria dos habitantes está fora da aldeia (na pescaria, na escola ou nas plantações), o mar e o vento se agitam e ameaçam a segurança do local. Apenas os doentes, os idosos, as crianças pequenas demais para ir à escola e os animais permanecem ali, e eles não podem fazer nada.
    Sosu, então, tem a ideia de tocar um dos tam-tans para chamar a atenção dos que se encontram fora da aldeia. Ele junta forças para ir até a plataforma onde ficam os instrumentos e, usando duas baquetas e com o incentivo do cachorro, toca o tam-tam
    pela primeira vez na vida. Quando ouvem o som do tambor, todos se precipitam para a aldeia e salvam aqueles que estavam ameaçados pela tempestade. Para comemorar o acontecimento, a aldeia promove uma grande festa. Sosu ganha uma cadeira de rodas e passa a freqüentar a escola como qualquer outra criança.

    Narrativa
    O chamado de Sosu fala basicamente do cotidiano de uma aldeia do oeste da África, embora narre acontecimentos que fogem ao corriqueiro a ameaça à aldeia e sua salvação, protagonizada por
    Sosu, que permite que a localidade lide com essa situação difícil. O texto é narrado em terceira pessoa, e o protagonista é Sosu, uma personagem forte, marcada pelo isolamento. A história, contemporânea, desenrola-se num ambiente em que a vida comunitária é extremamente valorizada. O autor, justamente para expressar a universalidade de sua mensagem de tolerância, optou por não identificar com exatidão o lugar onde acontece a história. Pelas características geográficas, pelos costumes descritos e pelas ilustrações mostradas, é possível identificar a África ocidental,
    numa região que engloba parte de Gana, terra natal do escritor Meshack Asare.

    Um pouco de história e geografia
    O chamado de Sosu se passa no oeste da África, ou África ocidental, mais precisamente entre Gana e o Togo, numa região cujas aldeias ficam próximas às lagunas e ao mar e em que há muitos coqueiros.
    A economia se baseia na pesca e, em menor medida, na agricultura. Milho, mandioca e inhame são cultivados para consumo próprio e para alimentação dos animais (sobretudo das galinhas).
    Às vezes, os habitantes dessa região plantam cacau e cebola e produzem azeite-de-dendê para vender.
    Devido à presença de muitas minas de ouro, Gana era chamada de Costa do Ouro pelos europeus. Quando os primeiros exploradores viajaram da Europa para a região, perceberam que membros da sociedade achanti utilizavam muito ouro nos adornos, nos instrumentos musicais e em outros objetos, o que os fez compreender que se tratava de uma área de grande interesse econômico.
    No litoral ganense, há diversos fortes e castelos, que foram construídos pelos europeus a partir do século XV e testemunham o interesse deles na riqueza local e no tráfico de escravos.
    Durante cerca de 250 anos, até o início do século XIX, milhares de africanos escravizados foram enviados de Gana para diversas regiões do mundo.
    O país foi dominado pela Inglaterra durante 84 anos. Por isso, a língua oficial é atualmente o inglês, embora haja pelo menos 75 outros idiomas e dialetos em uso.

    Em 1957, graças à atuação de um líder chamado Kwame Nkrumah, Gana tornou-se o primeiro país africano ao sul do deserto do Saara a obter a independência. A história de O chamado de Sosu se passa após a independência, num tempo em que os ganenses governam sua aldeia conforme o modelo africano característico da região.

    Hábitos e costumes
    As ilustrações revelam trajes e costumes próprios da região. Observa-se que a mãe de Sosu usa um
    pano na cabeça, do mesmo tecido do vestido (p. 5). Esse é um traje típico de várias partes da África ocidental. E, embora no  dia-a-dia os homens usem calções para pescar, eles vestem um traje especial, mais elaborado, em ocasiões comemorativas — como na festa em homenagem a Sosu (p. 36 e 37). Nessa região, é costume deixar um dos ombros descoberto. Também observa-se a presença de guarda-chuvas, que simbolizam o poder e indicam, nesse caso, uma ocasião especial (p. 37).
    O livro mostra que as crianças comem juntas, com as mãos, sem utilizar talheres ou outros objetos (p. 14 e 15). A cena ilustra exatamente o que se passa em boa parte da África ocidental.
    Para muitas crianças e adultos da região, não há por que utilizar talher nem comer em pratos separados. A refeição é um momento de reunião e compartilhamento.

    Cultura
    O tambor tam-tam e outros instrumentos de percussão (como o balafom e o darbuka) são fundamentais na África. Tocá-los é uma arte que se aprende desde pequeno e durante muitos anos. A técnica é passada de pai para filho, geração após geração.
    Boa parte da África conta com os instrumentos de percussão tanto no dia-a-dia como em ocasiões especiais. Em diversos países africanos, instrumentos de percussão são utilizados para enviar mensagens, convocar pessoas para trabalho e reunião, anunciar e celebrar nascimentos, casamentos, funerais e competições e marcar ritos de fertilidade, plantio, colheita e iniciação. Muitas vezes, esses
    instrumentos são abençoados numa cerimônia com sorgo, leite e outros alimentos. Para algumas sociedades, a percussão é um ser vivo. Em partes de Uganda e do Zaire, por exemplo, é costume colocar dentro do tambor um pedaço de madeira da árvore da qual ele foi feito, que é considerado a “alma” do instrumento.
    O canto e a dança também são formas de manifestação espiritual em muitas partes da África, maneiras pelas quais Deus pode ser louvado.
    Em Gana e no Togo, vive a sociedade Ewé, povo conhecido, entre outras coisas, por utilizar os instrumentos de percussão para comunicar-se, especialmente em situações de crise (como no caso da história de Sosu), mas não apenas para isso. Durante danças e celebrações especiais, seu uso é freqüente (os tam-tans ficam num local especial, e é o chefe quem, normalmente, permite o acesso a eles). As danças dos Ewé são famosas pelos movimentos complexos e rápidos, sobretudo dos ombros e dos pés.

    • Blogger Comments
    • Facebook Comments

    0 comentários:

    Postar um comentário

    Item Reviewed: O Chamado de Sosu - Meshack Asare Rating: 5 Reviewed By: Unknown
    Scroll to Top